...um TESOURO feito de sonhos, afetos, episódios, histórias, retratos, velharias e pó.. ...aaaATCHIM !!
Se quiserem acompanhar-me nas minhas visitas ao baú minhas amigas, estão convidadas para o chá.


NO BAÚ

...havia "TRAPOS"
que eu tocava
e revolvia
e quando neles mexia,
pela textura, p'la côr
mas sem favor...
Pelo odor a passado
entre espirros...
Na minha mente
o laço da história surgia,
a ideia fluía e na sebenta
fazia o traço
do que dali nasceria... e em
poucos minutos sabia.
A decisão estava tomada.                         
-Mais uma fantochada?!!!
- minha mãe dizia.
(T.G.)




"TRAPOS"

Quando falo de "TRAPOS,
não me refiro a roupas!...
Com trapos do baú fiz coisas.
Com elas já me diverti bastante
e espero continuar a fazê-lo. 
(T.G.)

                                                                       
Séc.XVIII

Esta foi a primeira obra feita com os "trapos"
do baú :
Um traje com características setecentistas...


FANTOCHADAS ?!
Em nenhum momento associei este meu
gosto ao "Carnaval".
O séc.XVIII  fascina-me e decidi pesquisar
a fundo sobre os pormenores dos trajes
da época para começar a desenhar modelos
e poder assim, utilizar os "trapos".
Tinha umas costureiras muito queridas e
enquanto eu corria as retrosarias da Rua
da Conceição em Lisboa, entre muitos
outros locais, em busca de aplicações
e outros acessórios, elas punham de pé
os meus projectos,
cada vez mais elaborados ...
Veio um e mais outro, e acabei por fazer
disto, o meu hobby favorito.   
(T.G.)

"JANTARES SETECENTISTAS"

À medida que os modelos surgiam, para damas
e cavalheiros, foi a altura de procurar locais
com decoração adequada à época, convidar
os amigos e organizar jantares onde recriar
o ambiente palaciano do séc.das luzes.
(T.G.) 
                                                             
 Aqui estão algumas fotos das
minhas  "criações".          
(T.G.)






























"A CASA DAS RÃS"

Um dia, já lá vai tempo,
A propósito de...não sei !?
Decidi num raro momento
Agarrar o que encontrei...

Outra forma de viver,
Num lugar aconchegado
Com amigos a valer...
A lembrar o meu passado.

Colhia pêras, maçãs
E varria o meu poial.
Chamei-lhe  "Casa das rãs"
Ficou gira, no final.!

Ao baú, eu fui buscar
Bordados de lindo ponto
E o serviço de jantar
Para a casa, no Redondo.

Levantava-me cedinho,
Lia, dormia a sesta,
Sueca, outro joguinho...
E de vez em quando, festa !!

Amigos, nunca faltavam.
Havia sempre programa...
Mas todos se divertiam
Na hora de ir para a cama ...

Com as roupas dos avós
Que no baú, eu achei,
Riram a viva voz !
Cada vez que os praxei...

Filhos, marido, pais.
Todos estavam lá, comigo.
Havia lugar p'ra mais
Amigos do nosso amigo.

Foram tempos bem passados !
De fins, em fins de semana.
Correndo bem apressados
Para a ..."casa da joana"...

As papoilas procurava,
De alentejana, vestida.
Pelos campos eu bailava
A dança da minha vida !

Um dia... já lá vai tempo.
Na minha "Casa das rãs"
Fui feliz, cada momento.
Lembro-o todas as manhãs !...

(T.G.)


NO BAÚ...
...havia linhos, rendas e bordados de Viana.
havia fitas, naperons, fivelas e outras coisas tão belas.
Tudo o que ali encontrei de alguma forma, arranjei.
(T.G.)


A PRAXE  

Quem  dormia pela primeira vez na minha "CASA DAS RÃS" no REDONDO, era obrigado a usar as camisas de dormir muito antigas, que encontrei no...
"BAÚ DA AVÓ SÃO",
... ir até à esquina que a rua fazia com a rua principal e fazer de "fantasma".  
(Essa rua era de passagem para o Algarve e as pessoas abrandavam os carros mas ninguém se podia rir, devia olhar os passageiros fixamente)  Era hilariante !  (T.G.)

"A prima Lena"        (T.G.)

"CASA DAS RÃS",  PORQUÊ ? 

Sempre gostei de ouvir o coaxar das rãs à noite e de vê-las saltitar pelos nenúfares e isso reporta-me para outro local que também frequento há muitos anos.
Achei o nome "patusco" e relacionado com o ambiente campestre que pretendia dar à casa. Comecei por pintar rãs numa parede, depois surgiram objectos com rãs fôfas, tais como cachepots, bibelots, sabonetes, velas, pins, enfim... até os amigos mos ofereciam... e depressa  fiquei com uma coleção. Não era exagerada, mas de quando em vez, lá se encontrava uma aqui e outra acolá, espalhadas pela
"Casa das rãs" .
(T.G.)


HOJE SONHEI :

Que estava numa casa.
Não era a minha. Não !
Havia muitas pessoas.
Que nunca vira... pois não !
Umas discutiam, outras não.
Ouvia-se música, barulho...
Estavam zangadas. Oh, não !
Protestavam comigo.
Mas quem seriam, então ?
Lá havia estatuetas,
Água por todo o salão.
Ao lado estava uma dama...
Com os sapatos na mão.
Lembro que tinham laços,
mas de que côr eram, não.
Muitas fotos nas paredes,
outras espalhadas no chão,
Que fazia eu no meio
de tamanha confusão ?
De repente, um pormenor:
Também havia um botão
de madre pérola, azulão.
Comecei a encaixar...
quando percebi então:
Que era eu a mergulhar
no "BAÚ DA AVÓ SÃO" !
(T.G.)


NO BAÚ ...

... havia retratos de outros tempos,
tirados à lá minute,
com kodak ou no estúdio da cidade.
De cartão amarececido, com passe
partout oval, gravado
ou de bordo recortado.
Com rostos de porcelana, maçãs
beliscadas, lábios delineados,
bigodes de fino porte,
penteados singulares, alguns
com brilhantina e... chapéus
aparatosos...
...- Como eram belas aquelas damas
de cintura invejável !
E as crianças...a essas, não se lhes
percebia o sexo.
Todas eram belas, loiras e de
canudos caídos sobre a testa.
E as vestes domingueiras, á moda de
cada época ?!...
Não me posso desfazer destas
relíquias !
Fazem parte do passado.
são a história da família.
elas encaixam na árvore
genealógica e denunciam traços,
detalhes...
Apetece juntar todas as peças e
tentar desvendar o enigma !

Tenho feito "srapbooks" que miro
e remiro, tentando dar uma
sequência cronológica a tamanha
confusão !
É uma forma divertida de ocupar o
tempo livre e de guardar
os "vintage" do BAÚ !

(T.G.)

O BAÚ ...

... do tamanho de uma casota de
um "labrador" adulto,
com as costas abauladas,
de madeira exótica, num
castanho matizado e com cintas 
negras com picos de ferrugem,
algo magoado pelo tempo,
com uma mossa num canto
revelava bem, aquilo que 
ele já tinha viajado... 
as ferragens e a fechadura,
meio partida, acusava tentativa
de arrombamento, como se de um 
tesouro de piratas se tratasse...
... se tivesse sido violada...
decerto nada interessava a
supostos malfeitores !
Ouro não encontrariam, garrafas
de rum, também não,
nem sequer um tostão, quanto mais
uma bolsa de moedas antigas...
...antigas eram as letras escritas
no seu forro de seda verde,
já manchada num dos lados. 
Ainda se notavam alguns traços
que depois de esfregar o bolor,
o que não desapareceu,
deixava a custo, mostrar o que 
fora uma palavra, agora sem um
vogal e uma perna de outra letra...
... com uma caligrafia rara,
de cor castanha malhada, 
eu diria ser... "RAGANNOT" ?!?


NO BAÚ...

... abaulado, de couro bem velhinho, onde se notava a falta de preguetas e de uma das ferragens no canto inferior esquerdo, com certeza perdida em alguma mudança atribulada... no forro interior, de seda verde já manchada, que odorava a mofo e me provocava asma, sempre que o visitava e revolvia aquele montão de velharias, encantada ... numa delas, lá estava ... envolto em fios e amostras de crivos, rolos de linho, compridos e finos vidros cilíndricos vermelhos misturados com alguns azuis, pertencentes a candeeiros outrora usados, botões de osso, conchas e alguns papéis dificilmente perceptíveis, entre inúmeras miudezas... lá estava um Menino, aparentemente abandonado, com algumas mazelas, de toda aquela balbúrdia...
... não tantas, por ser de talha, mais debotada, que dourada... 
Desenleei-o da rede de rendas amareladas, com cuidado e enrolei-o num paninho, para que não tivesse frio, nem falta de ar, como eu.
(T.G.)


 ANTIGUIDADES:                                                               

Desde muito nova que aprecio coisas antigas. Estes postais, uns a preto e branco, outros com tonalidades muito pálidas, alguns de monumentos de Paris, da Madeira, imensos de "Cintra" e ... de Cascais, estão comigo desde que do baú os tirei e guardei numa caixa que ainda tenho.
Hoje, todos acham piada ao facto de eu ter guardado as coisas que já eram das avós, gostam de as ver e perguntam-se onde estariam, se não fosse este gosto que me acompanha pela vida e a minha determinação.
Quando gostava de algo, pedia. 
E a avó São dava com prazer porque também sabia que eu seria uma fiel depositária das suas recordações.

(T.G.)



ESTERIÓSCÓPIO:   
   

Este foi um dos "brinquedos" que me acompanhou na minha infância, que eu achava fascinante e que guardava religiosamente.
Não conhecia mais nenhum e sentia-me dona de uma "coisa" mágica.
O meu pai explicou-me o porquê de acontecer aquele tipo de imagem, mas só muitos anos depois é que vi imagens 3D e as relacionei com esse brinquedo...
Hoje sei que foram os primeiros esterioscópios conhecidos. 
Este foi encontrado no "BAÚ DA AVÓ SÃO". 
Ele tem um anûncio publicitário a uma marca de tabaco usado no início do séc. XX e foi o meu bisavô materno que o trouxe do Brasil, numa das suas viagens.  

 

Há muito tempo que o tinha guardado e verifiquei que lhe faltava uma fita de veludo grenat no interior, que tornava o apoio da face, mais confortável. 
Já tenho o que fazer !


Os cartões com as duas imagens iguais, lado a lado, que se afastam e aproximam através de uma ripa de madeira dando a sensação de profundidade são muito vintage e tenho muitas entre as quais, uma do ZEPPELIN (dirigível), que era a minha preferida.    
(T.G.) 

             A "AVÓ SÃO" :

(O BAÚ da minha avó,
cheio de pó e velharias
serviu de mote ao meu blog
para falar sobre meus dias.


De uma maneira ou de outra
está sempre muito ligado...
quase tudo o que cá escreva
tem origem no passado.


Donde quer que se encontre...
e se inda ler como lia,
há-de lembrar-se sempre
de coisas que eu lhe dizia.


Um dia, se eu lá chegar...
à idade de ter netos,
com certeza vão gostar
de saber destes momentos.


Era única, a avó São
tinha uma força sem fim,
Trago-a no meu coração 
e creio que zela por mim.

(T:G.)